Improvisação em dança
Professora-Artista: Graduada em Dança pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
Bailarina profissional: Registrada pela Delegacia Regional de Trabalho (DRT)
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Improviso na dança: O que é?
O Improviso na Dança, em termos gerais, em termos gerais pode ser definida pelo ato do performer, ator, bailarino se movimentar livremente, sem necessariamente utilizar um código, como o Balé Clássico, por exemplo. O bailarino pode criar a partir de um estímulo inspirado por poemas, músicas, vídeo entre outros. A Improvisação em Dança não é uma ação que parte do vazio, do nada, ou “se faz qualquer coisa”. O ponto de partida na improvisação é o outro ou você mesmo.
Esta vertente da Dança Contemporânea surgiu nos anos 60, nos Estados Unidos, quando artistas se reuniam para executar uma coreografia criada na hora, sem ensaio, sem roteiros estabelecidos. O conteúdo que se mostra como inspiração para o improvisador, se torna necessário para a expressão do bailarino, sendo assim, a dança improvisada se manifesta sem ter um roteiro pré-estabelecido ou a seguir uma coreografia.
Qual a importância da improvisação na dança?
A importância do improviso na dança é um fator muitas vezes esquecidos por bailarinos. É a partir da improvisação que o bailarino vai experimentar novas possibilidades de movimento e sair de sua zona de conforto.
No início, pode parecer um pouco estranho criar sem ter algo mais concreto ou que você siga um roteiro determinado por alguém. Afinal, esse é o desafio: você e você mesmo. Parece ridículo ficar dançando sem chegar a lugar nenhum, mas tenha paciência, o processo da experimentação corporal é a parte mais importante para se chegar ao improviso, porque assim você conhecerá o seu próprio estilo de dançar e encontrará sua própria essência ao se movimentar.
Como improvisar na dança?
Para que você possa dar os primeiros passos sozinho na improvisação em dança, é importante que você escolha um tema de inspiração que lhe seja familiar, como por exemplo, uma música que você goste muito. A partir disso, você começará a construir um repertório de movimentos, e para que isso não seja perdido, e fique somente na sala de ensaio, você sempre pode levar um caderninho para anotar todos os seus movimentos e aspirações desse dia em particular. Seja criativo (a), faça desenhos e rabiscos também!
A partir dessas experimentações e anotações, vai surgir uma série de movimentos que para você são essenciais na sua dança, como um braço alongado para cima, um giro, um salto. Você simplesmente pode brincar com os movimentos, dançando de forma livre, sem padrões pré estabelecidos sobre seguir uma técnica.
Caso você já tenha uma técnica específica isso não é nenhum problema, pois você poderá explorar mais ainda o seu potencial artístico. Por exemplo, se você pratica a Técnica Clássica, pode experimentar um Plié de forma mais rápida e mais ampla, um arabesque com braços assimétricos, fuja do padrão! Assim você encontrará facilidades na hora da improvisação.
A improvisação na dança começa quando o bailarino se propõe ao desafio de estar 100% presente. O improviso promove muita confiança e segurança dentro da prática da dança. Por começar de um lugar “desconhecido”, conforme você for praticando o movimento vai ficando natural e fluido, sem cobranças e sem exigências, pois é o que você se propôs a fazer.
“Um movimento improvisado não pode ser tecnicamente pensado ou coreografado, e o bailarino não tem a chance de alinhar-se, treinar, repetir, e até ajustar o movimento tal como deseja mostrá-lo. O movimento espontâneo e o improvisado acontece somente quando está acontecendo. E neste contexto, interessa menos o movimento, do que quem (ou o quê) motiva o movimento, menos a técnica mecânica do que a possibilidade de um movimento expressivo.”
Você pode notar que a partir desse pequeno fragmento do texto “Um ponto de vista sobre o movimento improvisado nos territórios da dança e do teatro” de Mariana Elias, a improvisação na dança também é parte fundamental para os todos os bailarinos, principalmente aqueles que desejam se profissionalizar e ser aceito em companhias de dança.
Essa é uma outra questão, a parte da profissionalização em dança. Porém, se você quer somente praticar porque gosta da dança, porque você tem certa familiaridade com essa prática, assuma os riscos e vá em frente! Você irá se apaixonar.
Aqui em nossa Escola de Dança, costumamos utilizar muito do recurso da improvisação em dança, nas aulas de Dança Contemporânea como recurso para o processo criativo coreográfico. Essa é uma forma muito rica de recolher movimentos que sejam a essência do bailarino.
Dicas para improvisar na dança
Separamos algumas dicas para você começar a improvisar já! Não há nenhum segredo para começar a improvisar, mas muitas pessoas se sentem um pouco tímidas ou sem jeito, pois simplesmente não tem um ponto de partida, não sabem por onde começar. Pensando nisso, sugerimos algumas dicas para a sua improvisação em Dança!
Concentre-se na Música
Assim como a parte do savasana do Yoga para você ir se relaxando e concentrando no presente, com o improviso não é diferente! Lembre-se sempre que a sua dança precisa dialogar com a música, mesmo que seja pra fazer um contraponto com ela. Sinta o movimento sem muita crítica. Permita que a improvisação crie um modo contínuo, gerando fluidez no seu movimento.
Construa um roteiro de ideias
Essa é uma excelente dica para quem está começando a improvisar. Você pode criar um roteiro dos conteúdos que você pretende abordar. Por exemplo, você pode definir que em determinado momento da música você fará diferentes tipos de saltos, mas sem definir quais. Você também pode determinar que a cada trecho da música um estilo diferente será utilizado, ou onde você poderá usar pausas, repetições e assim criar seu vocabulário de movimentos.
Use a criatividade e some com sua técnica
Improvisar não é sinônimo de executar movimentos sem precisão. Pelo contrário, a improvisação exige um amplo conhecimento sobre cada técnica e movimento para que você tenha total confiança para explorar novas possibilidades.
Técnicas de improvisação
A técnica de improvisação em dança possui alguns recursos que podem ser seguidos e guiados pelo professor ou pelo próprio improvisador. Geralmente essas técnicas de improviso são mais aplicadas quando o improviso envolve mais de 1 pessoa. Como por exemplo:
Acordados/Acordos
Os acordos ou acordados na improvisação em dança são basicamente acordos estabelecidos a fim de nortear a execução dos movimentos criados. Assim, eles passam a adotar um certo padrão pré-determinado.
Sem acordos
No processo de improvisação na dança em que não ocorre o acordo, a coreografia nasce no ato da apresentação/performance/evento, diante de quem estiver prestigiando. Não há ensaio e nenhum combinado. Acontece no aqui e agora, a partir de uma inspiração individual.
Atividades de improvisação na dança
As atividades de improvisações em dança, que também podem ser vistas como performances, normalmente acontecem em espaços públicos onde há fluxo de pessoas, se possível possibilitando a interação entre os artistas e espectadores. Para algumas pessoas que não conhecem essa vertente da dança, pode parecer totalmente sem sentido, mas a improvisação é também um exercício de sentir e olhar outro ser humano, sem invadir seu espaço e respeitando o que seu corpo transmite naquele momento. É preciso interagir sem perder a noção de privacidade e respeitando o limite de cada corpo.
Dança e Improvisação: Benefícios
Melhora a consciência corporal
Deixar que o seu corpo se movimente com mais liberdade (sempre tendo uma inspiração já escolhida) irá melhorar diretamente a sua consciência corporal. Você poderá explorar novas possibilidades e entender como cada membro do seu corpo se comporta.
Desenvolvimento da sensibilidade
A improvisação na dança é um excelente exercício de contato com os estímulos escolhidos e com o seu eu interior. Por meio dessa prática, é possível se conectar de uma outra maneira com a música, trazendo mais autonomia e identidade nos movimentos.
Melhora a interação com outras pessoas
Além disso, a improvisação também pode ser uma ótima maneira de melhorar o modo como você interage com outros dançarinos. É necessário estar mais atento, ampliar seu campo de visão, afinar a escuta ao movimento do outro e assim desenvolver mais qualidade nessa interação.
Vamos começar a improvisação em dança pelo básico! O básico é você estar confortável com você mesmo para dar os primeiros passos. Escolha o tema que te inspira e aproveite para conhecer mais sobre sua dança e sobre você mesmo! Te desejo sorte e um lindo processo.
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